Economista explica que “empreendedorismo por necessidade” puxa o avanço dos pequenos negócios e serviços no Pós-Pandemia
A Região Central do Estado de São Paulo concentra quase 90 mil CNPJs de MEIs (Micro Empreendedor Individual). Somando-se as inscrições nos 26 municípios, o número destes profissionais chega a 89.803. Deste total, 46.509 – ou seja, mais de 50% dos MEIs – estão concentrados em São Carlos (24.840) e Araraquara (21.669), os dois maiores municípios da região.
Chama a atenção o número de MEIs perante o total de pessoal ocupado em São Carlos, que chega a 94.254 pessoas ou 35,9% da população. Em Araraquara o pessoal ocupado chega a 90.272 ou 35,8% da população. Assim, nas duas cidades, o volume destes profissionais supera 25% da PEA (População Economicamente Ativa).
O economista Paulo Cereda explica que a figura do MEI surgiu no governo da ex-presidente Dilma Rousseff como forma de formalizar vários tipos de trabalhos informais e dar o mínimo de dignidade e direitos sociais a uma grande massa de trabalhadores que viviam à margem da sociedade, como direito à aposentadoria e afastamento médico por motivo e doença ou acidente.
“Muita gente vivia de vende roupas, cosméticos ou fazendo pequenos serviços de eletricidade, jardinagem e etc, numa grande gama de atividades que existiam à margem do mercado formal e que garantia renda a este pessoal. O MEI foi um jeito de formalizar este pessoal. A ideia era dar acesso à cidadania e isso funcionou muito bem”, destaca ele.
Segundo ele, o que ocorre no Brasil com o grande avanço do número de MEIs, é o chamado “empreendedorismo por necessidade”. Ele explica que muitos criam uma MEI porque perderam o emprego ou de alguma forma têm dificuldades de voltar ao trabalho formal, com carteira assinada. Assim, acabam criando um negócio próprio para garantir sua renda. De acordo com Cereda, houve uma explosão no número de MEIs no período da pandemia de Covid.
Cereda explica que mesmo com a redução do desemprego, o número de MEIs avançam também por conta da tendência de novas relações de trabalho, diferentes dos antigos vínculos de trabalho. Existe, segundo ele, muitos vínculos de trabalho que hoje são feitos via CNPJ e não mais através de carteira de trabalho.
A chamada “pejotização” do trabalho, segundo Cereda, é uma tendência mundial e, segundo ele, um caminho sem volta na economia global. “Sem fazer juízo de valor este é um processo inevitável. Temos que evitar a precarização do trabalho através da conscientização do trabalhador das vantagens e desvantagens destas novas formas de trabalho para que ele não tenha surpresas e dissabores no futuro. Assim é fundamental que existam políticas públicas cada vez mais assertivas, criando consciência empreendedora na sociedade desde o ensino fundamental, mostrando possível um planejamento de vida onde cada um possa analisar como vai atuar nesta nova realidade”, ressalta. (MRD)
SALTO
MEIs representam 69,7% das empresas do país
Cerca de 13,2 milhões de brasileiros eram microempreendedores individuais (MEIs) em 2021. O dado é das Estatísticas dos Cadastros de Microempreendedores Individuais 2021, divulgada no início de outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a pesquisa, os microempreendedores individuais representam 69,7% das empresas e organizações e 19,2% das ocupações formais no país.
Em relação a 2019, ou seja, o período pré-pandemia de covid-19, o número de MEIs cresceu 37,5% (3,6 milhões). Também cresceu sua participação no total de empresas e organizações (de 64,7% para os 69,7%) e de ocupações formais (de 15,2% para os 19,2%).
Por outro lado, o número de MEIs com empregados caiu de 146,3 mil em 2019 para 104,9 mil em 2021 (depois de recuar para 97,2 mil em 2020). Do total de MEIs registrados em 2021, 53,1% se filiaram entre 2019 e 2021.
Em 2021, houve a entrada de 2,9 milhões e a saída de 857 mil MEIs, o que resultou num crescimento de 2,1 milhões.
O estudo mostrou ainda que 50,2% dos MEIs atuavam no setor de serviços. As principais atividades dos microempreendedores eram cabeleireiros e tratamento de beleza (9,1% dos MEIs), comércio varejista de artigos de vestuário e acessório (7,1%) e restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (6,3%).
No segmento de cabeleireiros e tratamento de beleza, aliás, os MEIs representavam 90,4% do total do pessoal ocupado.
NÚMERO DE MEIS POR MUNICÍPIO (FONTE: PORTAL DO EMPREENDEDOR)
1 – São Carlos 24.840
2 – Araraquara 21.669
3 – Matão 6.316
4 – Ibitinga 5.637
5 – Porto Ferreira 5.179
6 – Taquaritinga 4.716
7 – Américo Brasiliense 2.785
8 – Descalvado 2.561
9 – Itápolis 2.494
10 – Ibaté 2.118
11 – S. Rita do P. Quatro 2.091
12 – Borborema 1.389
13 – Tabatinga 1.108
14 – Rincão 831
15 – Boa Esperança do Sul 821
16 – Bocaina 811
17 – Ribeirão Bonito 747
18 – Dourado 673
19 – Dobrada 608
20 – Nova Europa 606
21 – Fernando Prestes 451
22 – Gavião Peixoto 373
23 – Santa Ernestina 359
24 – Motuca 268
25 – Cândido Rodrigues 236
26 – Trabiju 116
TOTAL 89.803
Fonte:-Jornal Primeira Pagina