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São Carlos gera mais de 250 startups
Emprego
Publicado em 05/11/2023

Município se consolida como “Capital da Tecnologia” abrigando o primeiro berçário de empresas da América Latina na Fundação ParqTec

O Município de São Carlos gerou mais de 250 empresas de bases tecnológicas (EBTs), atualmente chamadas também de startups. A grande responsável por tal sucesso foi a Fundação Parque de Alta Tecnologia, criada em 17 de dezembro de 1984 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Governo Federal com um embrião para a modernização do parque industrial brasileiro, através da consolidação da primeira incubadora de empresas da América Latina.

A iniciativa, conta o presidente do ParqTec, o cientista Sylvio Goulart Rosa Júnior, foi coroada de sucesso e gerou a segunda perna de um tripé de desenvolvimento que serve hoje de modelo para o Brasil. Segundo Rosa Jr., a iniciativa, juntamente com os órgãos de fomento e governamentais em geral, se somam à primeira perna do tripé, que em São Carlos, são a USP (Universidade de São Paulo), a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), as duas unidades da Embrapa (Instrumentação e Pecuária), além das outras instituições de ensino e pesquisa.

“Tudo começou com a criação da Escola de Engenharia da USP em 1948. Esta universidade serviu de barriga de aluguel para a Capital da Tecnologia. Gerados dentro da USP, o Instituto de Física e o Instituto de Química, além dos Institutos de Matemática e Computação, acabaram gerando as duas Embrapas, somando o conhecimento gerado nos centros de pesquisa à agropecuária brasileira. Tudo isso se somou e multiplicou e fez nascer a UFSCar. Depois disso surgiram, em parceria com o ParqTec, empresas como a Opto Eletrônica, a Engemasa e tantas outras”, destaca Rosa Jr.

Segundo ele, o modelo gerado em São Carlos transfere tecnologia gerada nas universidades e laboratórios para o mundo produtivo, melhorando os produtos e serviços da economia brasileira, gerando emprego renda e desenvolvimento a partir da tecnologia. Este modelo que, com a Embrapa criou em nível nacional, uma produção agropecuária de altíssima qualidade que hoje faz do Brasil um dos maiores exportadores de alimento do mundo, é hoje exemplo para outras regiões brasileiras se desenvolverem.

 

Grandes talentos

São Carlos, segundo o cientista é um grande centro de formação de talentos humanos em vários níveis tecnológicos. As duas universidades e a Unicep formam médicos, físicos, químicos, engenheiros, agrônomos e pesquisadores de todas as áreas, a FATEC, a Faculdade de Tecnologia do SENA, o Instituto Federal, além da ETEC, SENAC E SENAI formam técnicos e tecnólogos. Este arcabouço de formação, segundo Rosa Júnior, cria em São Carlos um exército de mão de obra qualificada e preparada para atuar nas áreas pública e privada e terceiro setor com altíssima competência e expertise.

“Pela estrutura de conhecimento gerada ao longo dos anos e também pela formação do profissional e de empresas de alta tecnologia de várias áreas, São Carlos se torna única e conseguiu se consolidar como Capital Nacional da Tecnologia, algo que foi consagrado numa lei federal promulgada pela presidente Dilma Rousseffl em 11 de outubro de 2011”, destaca o presidente do ParqTec.

 

Incubadora Santos Dumont

Em homenagem aos 150 anos do nascimento do cientista brasileiro Santos Dumont, esta semana a Fundação ParqTec denominou como “14 Bis – A Casa Encantada das Startups” a incubadora de empresas da Fundação. “Estamos homenageando o maior empreendedor tecnológico do Brasil dando seu nome ao nosso berçário de novos negócios geradores de desenvolvimento”, destaca Rosa Jr.

Para o cientista, o próximo passo para a economia de São Carlos deve ser a atração de fundos e investimento de risco para alavancar novos negócios. “É um elemento que tem investido ainda muito pontualmente. Precisamos de investidores que busquem fortalecer ainda mais nossas empresas”, destaca.

Segundo Rosa Jr., São Carlos vive o desafio de, em uma década, com políticas públicas e envolvimento da sociedade civil e do mundo produtivo, buscar as soluções para seus maiores problemas. “Na minha opinião o futuro da cidade é magnífico”, conclui ele.

 

HISTÓRIA

Ensino Superior se consolidou na metade do Século XX

 

Embora pouca gente saiba a primeira escola de ensino superior surgiu em São Carlos em 1914. Era uma escola de farmácia, fundada pelo farmacêutico Diogo Cavalcanti de Albuquerque. Desencontros políticos de Cavalcanti, principalmente com o presidente da Câmara, José Rodrigues de Sampaio, fizeram com que a faculdade fosse transferida para Rio Claro.

A segunda experiência de São Carlos nesta área viria em 1933, com a inauguração da Faculdade de Direito Moraes Barros, que chegou a receber alunos de Piracicaba, Rio Claro, Botucatu, Amparo, Limeira e Itirapina. O instituto funcionava na rua 13 de maio, número 89 no palacete construído pelo coronel Paulino Carlos.

Em 14 de outubro de 1952, a cidade recebia outra boa notícia: estava autorizado o funcionamento da Escola Superior de Educação Física, que já havia inclusive formado a primeira turma. Este curso foi absorvido pela FESC (Fundação Educacional São Carlos) e depois encampado pela UFSCar.

Quem chegava a São Carlos em 1947 não conseguia ignorar que a cidade realizava algum tipo de campanha. Afinal, haviam faixas por todas as ruas centrais. “Nós queremos a escola” e “Viva a escola” eram as palavras de ordem. A movimentação tinha o objetivo de trazer para o Município a sua primeira universidade pública. Apesar disso, a ideia não era consensual. Tratava-se de uma audácia para uma pequena cidade como São Carlos, pois universidades era um privilégio apenas das principais capitais do Brasil.

Mas a chamada universidade do interior era o alvo do Município e fora bandeira de campanha do governador Adhemar de Barros. Ele havia enviado ao Conselho Administrativo do Estado o projeto que previa a criação da universidade. Sintonizado com a idéia, o deputado estadual Miguel Petrilli apresentou o projeto na Assembléia Legislativo colocando São Carlos como sede da nova escola estadual de ensino superior. Porém, sabia que tal empresa não encontraria sucesso entre os representantes dos outros municípios.

Assim, juntamente com um colegiado de deputados, houve a alteração do projeto da universidade do interior, que ficaria assim dividida: Escola de Engenharia para São Carlos; Escola de Farmácia e Odontologia para Bauru ou Taubaté; Escola de Medicina para Ribeirão Preto; Escola de Direito para Campinas e Escola de Ciências e Letras para Limeira. O projeto foi aprovado, mas vetado pelo governador. A Assembléia Legislativa derrubou o veto e Adhemar foi obrigado a assinar a Lei 161, de 24 de setembro de 1948, criando, entre outras a Escola de Engenharia da USP, onde as aulas começaram em 1952.

Dezesseis anos depois, São Carlos estava pronta para reivindicar nova escola. Desta feita, a disputa era por uma universidade federal. O filme parecia um remake da primeira luta. O projeto também foi vetado pelo presidente da República, Jânio Quadros. Mas os deputados Ernesto Pereira Lopes, Laércio Corte e Lauro Monteiro da Cruz, conseguiram derrubar o veto ao projeto de lei.

Por sua vez, a Prefeitura Municipal desapropriou uma área de 200 alqueires, onde estava a Fazenda Trancham, da família de Jaime Carida. Em 1969 a Universidade Federal de São Carlos já era uma realidade.  As primeiras faculdades implantadas na UFSCar foram Engenharia de Materiais e Licenciatura em Ciências.

A fomentação à pesquisa fez com que São Carlos passasse a se destacar cada vez mais na área científica, gerando uma ambiente de novas descobertas que resultou na criação de centros de excelência em física, química e novos materiais e também na implantação de dois núcleos da Embrapa (Pecuária e Instrumentação Agropecuária) e do Parque de Alta Tecnologia. Um modelo copiado de outros países que soma pesquisa científica com empreendedorismo resultou no nascimento de várias empresas de alta tecnologia, como Opto Eletrônica, Engemasa, Equitron, Tecnomotor; Eyetec e várias outras.

No final dos anos 60 surge a Fadisc (Faculdade de Direito de São Carlos) e na década de 1970 a Asser que depois se tornaria a Unicep (Centro Universitário Central Paulista), que hoje possui mais de 20 cursos e desponta como uma das principais universidades particulares do interior paulista.  A Fadisc entrou em crise e encerrou as atividades em 2011.

Fonte:-Jornal Primeira Pagina

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