A passagem de um ciclone extratropical, que se formou entre a noite de terça-feira e a madrugada desta quarta, 10, provocou estragos em Santa Catarina. Até o fim da manhã, o Corpo de Bombeiros já havia registrado o atendimento de 93 ocorrências no Estado. Além de ruas alagadas e enxurradas, os ventos, que podem chegar a 100km/h, derrubaram placas, telhas e outras estruturas. Em Balneário Camboriú, o prédio onde Neymar é proprietário de uma cobertura chegou a balançar por conta da forte ventania.
De acordo com informações da Defesa Civil de Santa Catarina, 17 pessoas ficaram desabrigadas e alagamentos e deslizamentos foram registrados em 29 municípios. Moradores compartilharam registros dos estragos nas redes sociais.
Segundo a Prefeitura de Florianópolis, um plano de contingência foi adotado em conjunto com a Defesa Civil para atender as ocorrências. Em algumas cidades, como Joinville e Balneário Camboriú, as aulas do período da tarde foram suspensas para as escolas da rede municipal.
Entre as outras recomendações da Defesa Civil, estão evitar dirigir em locais alagados, ficar atento a movimentos de terra e inclinação de postes e árvores e, em caso de vendaval, buscar um local abrigado longe de janelas e objetos que possam ser arremessados.
Nas redes, moradores de Balneário Camboriú postaram vídeos que mostram o Yacht House, um prédio de luxo de 81 andares e que tem o jogador Neymar como dono de uma das coberturas, balançar durante a ventania. As imagens foram gravadas pela Pasqualotto>, construtora do empreendimento, que ainda não está finalizado.
Na postagem, a empresa informa que o prédio "é o primeiro residencial do Brasil a contar com o sistema de contraventamento Outrigger, que oferece amortecimento superior aos demais" e afirmou que "as pessoas que trabalham neste momento na obra nem sentem os fortes ventos que atingem a região"
Ainda na mesma cidade, a estrutura do Dejour Club, autointitulado o primeiro clube flutuante do mundo, foi vista à deriva nas águas. O clube, que estava ancorado na região da Barra Sul, se soltou com a força dos ventos que atingem a cidade litorânea. A inauguração estava prevista para ocorrer em breve. Imagens gravadas de um barco mostram parte da estrutura afundando.
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O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já havia emitido avisos de chuvas fortes, rajadas de vento e queda de temperatura para diferentes regiões de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná e também para as cidades do litoral de São Paulo
O ciclone extratropical é resultado de uma confluência de ventos em direção a um centro de baixa pressão atmosférica, que está associado às chuvas e à instabilidade — a pressão atmosférica é um dos fatores que determinam as condições do tempo. O fenômeno é comum no Brasil e tende a se deslocar pela costa gerando chuvas, ventos, altas ondas e ressaca. A sua formação, diferente dos ciclones tropicais (que são os furacões), acontece mais afastada dos trópicos — por isso o nome "extratropical".
Na retaguarda do ciclone há um centro de alta pressão atmosférica que, por sua vez, está relacionado ao tempo estável. Ana Ávila, pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp) explica que quando há um desequilíbrio entre pontos de menor e maior pressão atmosférica ocorrem as rajadas de vento.
“Se há um ponto com menor pressão atmosférica e outro com maior pressão atmosférica, o vento tende a equalizar essa diferença. Então, esse ciclone extratropical vai gerar ventos fortes, de até 100 km/h, por conta desta situação”, diz a pesquisadora.
circulação dos ventos prévios da formação do ciclone já provocou, nesta terça, queda na temperatura e chuvas nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, após um longo período de seca na região. Quem mora na capital paulista também já pôde perceber os efeitos da instabilidade com a queda nas temperaturas com nuvens mais carregadas no céu.
À medida que o ciclone se afasta, as chuvas e os ventos perdem intensidade e dão lugar ao frio, que deve ser sentido a partir de quinta-feira, 11. “O declínio acentuado das temperaturas vem por conta de uma massa de ar de origem polar que vai acompanhar o ciclone e que vai invadir toda a região centro-sul do País”, explica Ana.
No Sul, a previsão do Inmet indica pequena chance de ocorrência de neve na serra de Santa Catarina e formação de geadas entre quinta e sexta-feira, 12, na serra gaúcha e nos planaltos catarinense e do Paraná. No sul de Mato Grosso e no nordeste de São Paulo, segundo o instituto, também há possibilidade remota de geada.
Fonte:-Estadao