enho acompanhado e colaborado, tanto quanto possível, em termos de jornalismo científico ao longo dos anos, os estudos e pesquisas que estão sendo realizados pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado no Instituto de Física de São Carlos (USP), e, talvez - digo eu - esse seja um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que mais tem contribuído para o desenvolvimento científico no Brasil. Com o objetivo de realizar estudos avançados e pesquisas nas áreas de óptica e fotônica - que são áreas da ciência que envolvem o estudo da luz, suas propriedades e suas aplicações -, este centro tem buscado ao longo dos anos promover avanços científicos e tecnológicos nessas áreas, além de contribuir para o desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações ópticas. Focados em temas que aprofundam o conhecimento em áreas como, comunicações ópticas, dispositivos fotônicos, sensores ópticos, fotônica não linear, materiais ópticos, entre outros, o caminho percorrido pelo CEPOF também tem buscado promover a formação de recursos humanos qualificados, estimular a interação entre academia e indústria e difundir o conhecimento científico para a sociedade.
Contudo, tem sido na área da saúde que este centro mais tem se destacado, com projetos de pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias modernas e inovadoras que procuram dar respostas a alguns dos principais problemas relacionados com a saúde pública na sociedade. Dentre as muitas pesquisas realizadas, destaco algumas, como, por exemplo: estudos sobre o uso da terapia fotodinâmica no tratamento de diversas doenças - câncer, infecções bacterianas e doenças dermatológicas; técnicas avançadas de endoscopia óptica, permitindo a visualização em tempo real de tecidos e órgãos internos com alta resolução e precisão, com aplicações importantes no diagnóstico precoce e no monitoramento de doenças gastrointestinais, pulmonares e outras; biossensores ópticos para a detecção e quantificação de biomarcadores relevantes para o diagnóstico de doenças. A tudo isto se adiciona o designado monitoramento da saúde, com o uso de dispositivos ópticos para monitoramento dos parâmetros de saúde de forma não invasiva e em tempo real. Por exemplo, sensores ópticos vestíveis que podem medir continuamente e em tempo real a glicose, pH, oxigênio e outras variáveis fisiológicas, oferecendo uma alternativa menos invasiva para o monitoramento de condições como diabetes e doenças cardiovasculares. Por último, também como exemplo, a realização de pesquisas no campo da neurofotônica, investigando o uso de técnicas ópticas para estudar o cérebro e desenvolver novas abordagens terapêuticas para distúrbios neurológicos, como o Parkinson e o Alzheimer.
Por falar na Doença de Parkinson, destaco aqui uma chamada de 20 pacientes voluntários feita pelo CEPOF-IFSC/USP no decurso desta semana, portadores da Doença de Parkinson, visando a realização de uma nova pesquisa para tratamento das dores e tremores provocados por essa doença. Esta chamada destina-se a pacientes de ambos os sexos, de qualquer faixa etária, cujo diagnóstico da doença tenha sido feito há menos de três anos e que estejam sendo acompanhados clinicamente. Esta pesquisa, coordenada pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, será realizada pelos pesquisadores do IFSC/USP, Dra Ana Maria de Góis e Dr Vitor Hugo Panhóca, ao longo três meses, constituída por 24 sessões (duas vezes por semana), que ocorrerão na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF), localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos. Os interessados em participar nesta pesquisa poderão obter mais informações e fazer seu cadastramento através do Telef. (16) 3509-1351, com a secretária Mônica.
A doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica e progressiva que afeta o sistema nervoso central, em particular as células responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos. Ela é caracterizada principalmente pela presença de tremores, rigidez muscular, bradicinesia (movimentos lentos) e instabilidade postural, podendo ocorrer, também, depressão, ansiedade, distúrbios do sono, problemas de memória e alterações no sistema digestivo. Embora a causa exata da doença de Parkinson ainda seja desconhecida, acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais que desempenham um papel no seu desenvolvimento. Não existe uma cura definitiva para a doença de Parkinson, motivo pelo qual esta pesquisa para um novo tratamento destinado às consequências da doença poderá ser um passo valioso para, em primeiro lugar, a possível recuperação da qualidade de vida dos pacientes.
Neste caso, a pesquisa que está sendo realizada tem como base o uso de laser de baixa intensidade - ou terapia laser de baixa potência. Essa técnica envolve a aplicação de luz laser de baixa potência em pontos específicos do corpo, como a região do crânio, na tentativa de aliviar os sintomas do Parkinson. Teoricamente, segundo os estudos que foram efetuados, o laser de baixa intensidade pode estimular a atividade celular e modular processos bioquímicos no cérebro, levando a benefícios terapêuticos. No entanto, é importante ressaltar que os pesquisadores do CEPOF continuarão a realizar mais estudos e pesquisas para determinar a eficácia, a segurança e a viabilidade clínica dessa terapia.
Tudo isto se faz em São Carlos e vai ver que você nem sabia... Por isso, é importante ficar por dentro dos desenvolvimentos científicos que estão em curso e valorizar cada vez mais os cientistas e os técnicos que, na nossa cidade, trabalham para a saúde de todos nós.
O autor é jornalista profissional / correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists / European News Agency) - MTB 66181/SP.
Fonte:-saocarlosagora