Depois de um acidente agrícola, há mais de 20 anos, ela perdeu o braço e vivia com dores. Agora, com o avanço da ciência e tecnologia, essa mulher foi a primeira a receber um membro biônico que realiza movimentos e identifica seus impulsos cerebrais.
Karin, uma mulher de 50 anos, cujo nome completo é preservado, aparece em um vídeo realizando vários movimentos com o braço biônico, desenvolvido pela equipe do professor Max Ortiz Catalan, chefe de pesquisa em próteses neurais do Bionics Institute na Austrália. A prótese combina implantes neurais e no esqueleto da paciente.
“A integração biológica de implantes de titânio no tecido ósseo cria oportunidades para avançar ainda mais no cuidado dos amputados. Ao combinar a osseointegração com cirurgia reconstrutiva, eletrodos implantados e IA, podemos restaurar a função humana de uma forma sem precedentes”, explicou Rickard Brånemark, pesquisador afiliado do MIT.
Dores fantasmas
Outra queixa de Karin eram as dores fantasmas, quando o paciente tem certeza que aquele membro amputado provoca a sensação de queimação, formigamento, pontadas e até cócegas. Condição que costuma ser frequente em pessoas que passaram por amputação.
Podendo se manifestar depois de um tempo após a amputação, a dor fantasma pode ser um formigamento, aguda, pungente, latejante, intensa e até mesmo uma sensação de queimação.
“Parecia que eu estava constantemente com a mão em um moedor de carne, o que criava um alto nível de estresse e eu tinha que tomar altas doses de vários analgésicos”, lembrou a mulher.
Karin já tinha muita dificuldade em usar próteses convencionais e agora, com o membro biônico, tem uma nova qualidade de vida. Segundo a pesquisa, a mulher consegue realizar mais de 80% de atividades da vida diária!
“A nossa abordagem cirúrgica e de engenharia integrada também explica a redução da dor, uma vez que Karin está agora a utilizar os mesmos recursos neurais para controlar a prótese que utilizou para sua mão biológica perdida”, disse Max.
Como controla a prótese
O dispositivo já está com Karin há três anos e combina três diferentes técnicas: a osseointegração com cirurgia reconstrutiva, eletrodos e inteligência artificial.
“Karin foi a primeira pessoa com amputação abaixo do cotovelo a receber este novo conceito de mão biônica altamente integrada que pode ser usada de forma independente e confiável na vida diária”, afirmou o professor.
A equipe envolvida no desenvolvimento do membro é formada por engenheiros e cirurgiões. O chefe da pesquisa está bastante otimista.
“O fato de ela ter sido capaz de usar sua prótese de maneira confortável e eficaz nas atividades diárias durante anos é um testemunho promissor das capacidades potenciais de mudança de vida desta nova tecnologia”, disse o professor.
O implante
Todos os nervos e músculos do membro residual de Karin foram reorganizados para fornecer o máximo possível de informações de controle motor à prótese.
Os desafios neste nível de amputação são específicos. Os dois ossos, rádio e ulna, devem estar alinhados e carregados igualmente, não havendo muito espaço disponível para componentes implantados.
A adaptação veio com um implante neuromusculoesquelético, que permite ligar o sistema nervoso de Karin ao sistema eletrônico da prótese.
Mudou a vida
Segundo o doutor Francesco Clemente, Diretor Geral da Prensilia, Karin hoje é outra pessoa.
“A aceitação da prótese é fundamental para o seu uso bem-sucedido”, contou.
Karin disse que pesquisa mudou de vez sua vida.
“Para mim, isto significou muito. Me proporciona uma vida bem melhor”, afirmou a mulher.
Ela ainda acrescentou que as atividades diárias se tornaram bem mais fáceis de serem realizadas.
“Eu tenho um melhor controle sobre a prótese, mas acima de tudo, as minhas dores diminuíram. Hoje, preciso de muito menos medicação”.
Veja como funciona a prótese biônica fundido com nervos e ossos (em inglês)