Medida prevê preservação e digitalização do material
A Cinemateca Brasileira fez o lançamento do projeto de recuperação, catalogação e digitalização do acervo do Canal 100, em evento na sede da instituição. A iniciativa pretende resgatar essa parte do acervo da instituição, que é um dos maiores registros audiovisuais do futebol brasileiro.
“O Canal 100 é o maior acervo cinematográfico do futebol no país, cobrindo de maneira única o período de 1959 a 1986. Criado pelo cineasta Carlos Niemeyer em 1957, foi um cinejornal que revolucionou a cobertura esportiva e cultural no Brasil, tornando-se um marco na história audiovisual do país”, divulgou a Cinemateca. Além do esporte, o Canal 100 abordava questões culturais e sociais do país e era exibido nos cinemas antes dos filmes.
O acervo Canal 100 é formado por cerca de 21.793 segmentos de notícias, em 8.044 latas, e 15.252 folhas de documentos textuais. Todo esse material está sob guarda da Cinemateca, que é responsável pela preservação. São materiais de imagens positivas em cores e em preto e branco, além de negativos originais de imagem e de som, conforme informou a instituição, acrescentando que apenas uma pequena amostra da coleção está digitalizada.
Niemeyer e sua equipe introduziram novas técnicas de filmagem, como o uso de câmeras em close-up e ângulos dinâmicos que aproximavam o público do que se passava em campo. Para a construção dessa narrativa audiovisual, a equipe contava com cinegrafistas como Francisco Torturra, Liercy de Oliveira, João Rocha e Pompilho Tostes. As partidas tinham ainda narrações de Cid Moreira e Corrêa Araújo.
Apoio
A captação de recursos para execução do projeto alcançou 40% de um custo total de R$ 22,7 milhões. Além do Instituto Cultural Vale, a Shell e o Itaú, o projeto do Canal 100 ainda precisa de apoiadores, pois prevê a análise, digitalização e difusão dos conteúdos para a população, além da modernização tecnológica do parque de preservação audiovisual da instituição.
“O acervo do Canal 100 ficou muito tempo guardado em função de todas as crises da Cinemateca e agora, então, nós estamos com o projeto no Pronac [Programa Nacional de Apoio à Cultura], e já conseguimos captar uma boa parte que nos permitiu iniciar esse processo de verificação do material”, relatou Maria Dora Mourão, diretora geral da Cinemateca.
Em relação ao apoio da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Maria Dora disse que estão em um momento em que há diálogo, e isso é fundamental. “Quando há pessoas que dialogam e que lutam junto, isso nos dá um certo alívio e um otimismo. Acho que é importante manter o otimismo para que as coisas realmente aconteçam.”
Com informações da Agência Brasil.