(sub) Intensidade do aumento foi maior no interior do Estado do que na RMSP
A Fundação Seade divulgou dados sobre a presença de idosos na força de trabalho paulista – pessoas de 14 anos e mais de idade na situação de ocupadas e desocupadas –, mostrando que, entre 2014 e 2023, esse contingente cresceu 56,3% na Região Metropolitana de São Paulo e 60,1% no interior do Estado.
Como o total da força de trabalho do Estado de São Paulo cresceu 13,4% no período, a participação dos idosos com 60 anos e mais aumentou de 5,9% em 2014 (1,4 milhão de pessoas), para 8,3% em 2023 (2,2 milhões).
No período em análise, o contingente de ocupados no Estado de São Paulo passou de 21,6 milhões para 24,5 milhões, acréscimo de 2,9 milhões de pessoas. Dessas novas ocupações, 754 mil foram ocupadas por idosos, o que ampliou a parcela desse contingente de 6,2% para 8,6% do total de ocupados do Estado.
Apesar de ter crescido o número de idosos em empregos formais (empregados com carteira de trabalho assinada, estatutário e militares), cresceu com mais intensidade as outras formas de ocupação (empregados sem carteira, conta própria, empregadores e trabalhadores familiares), que em 2023 os empregados formais representavam 29,8% e as demais ocupações 70,2% do total de idosos ocupados
O envelhecimento da população é um fenômeno que vem sendo cada vez mais discutido, em razão das crescentes demandas que ele coloca para as políticas públicas, em áreas como saúde e assistência social. As projeções demográficas produzidas pela Fundação Seade indicam que, em 2035, a população com mais de 65 anos deverá superar a de menores de 15 anos.
Graduado e mestre em História pela Unesp/Franca e doutor em Sociologia pela Unesp/Araraquara e professor nas áreas da Sociologia, Antropologia e História na UNICEP, Fransérgio Follis, afirma que uma das principais explicações para o aumento da presença dos idosos no mercado de trabalho é a necessidade de subsistência ou de complementação de renda por parte dessa população. “A meu ver isso decorre da dificuldade em se aposentar, dos valores baixos das aposentadorias e do aumento dos gastos com remédios e tratamentos médicos decorrentes da idade. Tudo isso faz com que os idosos busquem empregos no mercado formal e também informal”, ressalta ele.
Segundo Fransérgio, a a melhoria dos serviços de saúde e assistência social já se coloca como um grande desafio para os governos federal, estadual e municipal. “Além da melhoria e expansão dos serviços públicos já existentes de saúde e assistência social, o aumento da população idosa chama a atenção para novas necessidades, como creches para idosos que precisam de assistência durante o dia permanecerem em horários em que os familiares estão no trabalho. Outras necessidade são de centros convivência de lazer e de atividades físicas e culturais, centros de acolhimento e cuidados com a saúde mental etc, além de asilos públicos de qualidade para idosos desamparados ou cujas famílias não têm condições de cuidar.
Além disso, segundo ele, se faz necessária a criação de um setor especializado de assistência social e da saúde para idosos, que acompanhe e com visitas regulares aos lares de idosos, suprindo suas necessidades e prevenindo o desamparo.
Quanto a maior presença dos idosos em setores como a construção e prestação de servos, o sociólogo explica que tal fato talvez esteja ligado ao perfil diferenciado dos mais velhos em relação aos mais jovens, como maior experiência, conhecimento e aceitação de algumas tarefas que os mais jovens tendem a rejeitar. “Idosos também tendem a ser mais responsáveis, disciplinados, além de aceitarem salários menores, já que para uma parte deles o salário entra como complemento da renda. Outra questão é que os idosos tendem a permanecerem mais tempo no emprego que os mais jovens, evitando os prejuízos com a alta rotatividade de funcionários nas empresas”, destaca ele.
Fonte:-saocarlosagora