Os casamentos homoafetivos são um evento recente: a norma obrigando os cartórios a realizarem casamentos entre casais do mesmo sexo foi regulamentada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2013
O número de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo no Estado de São Paulo está crescendo. De acordo com o Painel Estatísticas Vitais - Casamentos, da Fundação Seade, no universo de 47.980 matrimônios registrados nos Cartórios de Registro Civil no primeiro trimestre deste ano, 1053 deles representaram uniões homoafetivas. O dado é 6% maior que as 991 registradas no mesmo período de 2022.
De acordo com o levantamento, nas faixas etárias compreendidas entre menos de 20 anos e de 65 anos ou mais, as uniões de mulheres com mulheres são mais frequentes nas faixas mais jovens. A população masculina equilibra a diferença apenas no indicador a partir dos 50 anos, sendo a maioria nas faixas etárias mais avançadas. De modo geral, tanto homens quanto mulheres em registros homoafetivos tendem a se casar mais tarde, a partir dos 30 anos; e os homens sempre apresentaram idade mais avançada. Apesar das variações observadas entre 2013 e 2022, as idades médias femininas variaram entre 34 e 36 anos e as masculinas entre 35 e 39 anos.
“Se antes as uniões civis homoafetivas representavam apenas 0,5% do total de casamentos no território paulista, hoje já chegam a 2%, o que nos mostra que há uma demanda reprimida”, observa a pesquisadora da Divisão de Projeções Populacionais do Seade (Dipop), Rosa Maria Vieira de Freitas.
De acordo com Freitas, ainda é preciso acompanhar os números do Estado por mais tempo para se falar em tendência. Os casamentos homoafetivos são um evento recente: a norma obrigando os cartórios a realizarem casamentos entre casais do mesmo sexo foi regulamentada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2013.
Os dados de casamentos relativos aos primeiros três meses de 2023 foram atualizados com dados registrados em cartórios civis do Estado de São Paulo e recebidos na Fundação SEADE até 15/05/2023.
A ideia do casamento surgiu com a legalização do casamento homoafetivo em São Paulo, quando estavam em união estável há um ano. Fizeram a união no civil e uma cerimônia religiosa para amigos e familiares.
O que mudou depois da união civil foram algumas coisas importantes, como por exemplo o plano de saúde da empresa do André, que permite que Wesley tenha também um plano. São coisas burocráticas, como os documentos, que mudaram todos e agora têm os sobrenomes, que foram trocados por ambos, e isso é muito importante para eles. Também ficaram mais à vontade para entrar na fila de adoção de uma criança,e já estão há cinco anos aguardando.
“O casamento civil deu-se em um momento maduro, eu com 32 anos e André com 27, e a gente já independente, com uma certa segurança financeira, apoio dos familiares e amigos, e quisemos que somente pessoas queridas estivessem presentes na união. Tivemos uma recepção muito boa dentro do nosso rol de amigos, somos os primeiros gays a casarem no civil e fazer festa. Somos da Igreja Cidade Refúgio, com mais de 5 mil membros, muitos deles gays, pois é uma igreja bastante inclusiva.
Eu não acho que os casamentos estejam aumentando em função de diminuição de preconceito, mas acredito que cada vez mais os casais gays estão tomando coragem de se posicionar perante a sociedade, e acho que quanto mais casamentos homoafetivos, aumenta a preocupação de tradicionalistas que acreditam que com isso irá acabar a família brasileira. Infelizmente, sinto que com a maior visibilidade dos casais homoafetivos o preconceito tende a também aparecer mais”, opina Wesley.
Fonte:-saocarlosagora